on domingo, 20 de março de 2011
                                                           ........reLAÇÕes...........


Com quem nos relacionamos? Até que ponto nos deixamos tocar e refletir sobre as coisas que nos falam, que ouvimos e que vemos? Será que abrimos espaço para compartilhar com contextos diferentes as coisas que acreditamos, que desejamos e que nos incomodam?
Essas são algumas perguntas que me cutucam quando vivencio ambientes com contextos tão diferentes. Vejo uma escolha das pessoas de se fecharem em suas bolhas, suas casas, suas crenças, suas vontades e, que assim, deixam de experimentar, sentir e se incomodar com outras realidades/fatos que estão aqui no nosso bairro, cidade, país, mundo. Preferimos vivenciar e manter relações com pessoas/lugares que, de certa forma, são familiares e concordam com o que pensamos. (NÃO, NÃO acho jamais isso um problema, afinal é uma maneira de compartilhar, alimentar e nos instigar fazer o que acreditamos, pensamos.)
Mas, aqui, lanço uma questão particular--> Até que ponto, essa escolha de delimitar nossos diálogos, nossos relacionamentos possibilita que toquemos outras realidades com o que acreditamos/falamos/movemos? Até que ponto, minha dança, minhas aulas, cutucam as realidades distintas desse mundo desigual e de injustiças?
Esse relato de minhas vontades e inquietações, hoje, vem com muita intensidade ao me encontrar com medo da passividade e da comodidade. Tenho medo de estacionar, de construir minha dança/minhas aulas apenas com as coisas que EU tenho vontade e acredito. Será que isso é comunicar??? Qual o espaço de parar, olhar, sentir e ouvir as carências e necessidades das pessoas, do mundo??
Sim, parece natural sentarmos no sofá e receberemos a notícia: que a natureza está devolvendo as agressões que nós humanos fizemos, de seqüestros, de agressões e de injustiças. Será que é preciso perder nossas casas/parentes, ficarmos sem alimento para olharmos, sentirmos e refletirmos nossas ações e relações com as pessoas, com o mundo?

E assim,  por aqui deixo algumas questões para refletirmos enquanto ouvimos uma música:
           http://www.youtube.com/watch?v=PMKg5s3o4VY&feature=fvwrel

Tentei puxar só a música, mas não consegui!!!!!

Abraçoss..

Lud!!











6 comentários:

Ronie disse...

De quem e esse texto? Nao veio assinado...

entretantas produz disse...

Oie Ronie, tinha esquecido de colocar, mas já arrumei!!!

Bjos lud

Anônimo disse...

Oi Lud!
Que bacana essa questão que você levanta... também tenho pensado sobre isso, e o cientista social Boaventura Santos com sua a teoria da Epistemologia do Sul tem sido um puta parceiro pra me ajudar a entender com mais clareza algumas coisas!uahauahuah
Em suas pesquisas ele observou que as teorias sociais de maior visibilidade e utilização foram escritas por autores de países do norte e acima da linha do equador, teorias estas que não se ajustam às realidades sociais do sul. Neste contexto coloca a carência de produções locais, de discursos do sul; epistemologias do sul não diz respeito somente ao sul geográfico, é uma metáfora que denuncia que países que estão abaixo de uma certa linha, países colonizados, vivem a partir de lógicas criadas em países colonizadores.
Desta maneira, nota-se que atualmente os países colonizados reproduzem um pensamento moderno ocidental e este por sua vez é abissal, ou seja, é um tipo de sistema formado por relações visíveis e invisíveis estabelecidas através de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos. De um lado da linha fica o universo dominador, do outro lado da linha fica o universo dominado que passa automaticamente a desaparecer enquanto realidade, é excluído radicalmente e torna-se inexistente simplesmente pelo fato de permanecer exterior ao universo dominador que para se firmar como tal nem sequer reconhece o outro lado da linha como realidade. Dentro desta lógica há impossibilidade de co-presença dos dois lados da linha, visto que o que fortalece um dos lados é exatamente a produção de inexistência, invisibilidade e ausência de diálogo em relação à outra parte.
Acredito que está discussão se aproxima um tanto do que você está falando Lud, vejo que ainda hoje a criação e negação do outro lado dessas linhas fazem parte da maioria das praticas hegemônicas tornando urgente a reflexão de que apesar das linhas abissais não existirem nos mapas são elas que sustentam nossos preconceitos, modificam nosso jeito de olhar e de se relacionar com o próximo fazendo com que situações invasivas ou assustadoras se tornem normais a ponto de virarem mais uma paisagem no meio de tantas outras, passamos assim a criar nossas próprias linhas abissais dentro de nosso bairro, cidade, país, mundo colocando o próximo na invisibilidade, na inexistência e fora do nosso campo de preocupação e atuação. Deixando assim de viver experiências com profundidade pela incapacidade de reconhecer no diferente uma possibilidade de relação.
Portanto, bora arregaçar as mangas...exercitar e repensar diariamente nossos modos de se relacionar, dançar e estar no mundo...para que nossos hábitos de percepção tenham a chance de estar constantemente em transformação!!!
beijão
Aline

Raquel disse...

Muito legal refletir sobre essas questões Lud! Acho muito importante abrirmos nossos olhares para o outro (pessoa, mundo, coisa), pois aí vem as confusões/questões que eu adoro e que me motivam, entre o que faz ou não parte de mim. É como perguntar "O que eu tenho ver com isso?" e procurar/encontrar as respostas. Que barreiras são essas que edificamos entre o eu e o outro? Afinal, construímo-nos nas relações que experimentamos, somos também aquilo que permitimos trocar com o mundo.
É importante atentar não só para o perceber o outro, mas para o deixar ser percebido, deixar que os outros adentrem um pouco na nossa "bolha individual" e que nos alterem, nos cutuquem. Precisamos no permitir a, como diz a Aline, ter a chance de estar constantemente em transformação.

bjsbjs
Kel

entretantas produz disse...

Acho bem bacana Ludy, as ideias que você coloca. Viver e dançar aberto para e com os outros é uma tarefa difícil, mas bonita, urgente, transformadora. Uma tarefa que carrega consigo consciência da necessidade de viver no coletivo, produzindo com e nas diferenças. Quando leio teu texto parece que o que está nele defendido é que basta vontade/ação para se conseguir lidar com as diferenças. E que se todas as pessoas desse mundo saíssem das suas bolhas, teríamos um mundo melhor - parece que assim conseguiríamos transformar tudo e todos e a nós mesmos o tempo inteiro. Concordo com você plenamente sobre a falta de motivação e abertura da maioria para a construção coletiva. Mas jogo aí algumas provocações. Quando participo de ações nas quais a diferença é gritante, percebo que nem sempre vontade, abertura, diálogo são suficientes. O que será que acontece? Por que, mesmo com boas intenções, os diálogos e transformações mútuas não acontecem? O mundo, o ser humano, bem como, os aprendizados em dança e ou em qualquer outra área, são territórios complexos e lidam com algo chamado contradição. A contradição entre teoria e prática, entre o falar e agir, entre o ter e ser. De que diferença estamos falando? Será que estamos realmente preparados para criar com a diferença? Até que ponto não nos mostramos abertos, mas na verdade, manipulamos um contexto de aprendizado para igualar a diferença ao nosso conhecimento? Fica tudo isso como provocação e reflexão. E olhe lá, não estou descrente da vida não e enm do teu texto. Ele é um convite para pensarmos sobre isso. Só acho que com o tempo a palavra contradição me vem à tona. E precisamos ficar mais atentos em tudo!
beijo
Gladis

joubert disse...

Olás

Considerar a intensidade da diferença que singulariza os encontros. (Gosto de pensar nisso.) Mas até que ponto estamos acostumados a lidar com a diferença de modo politicamente correto? Considerar que somos iguais diferentes, diferentes iguais, é um exercicio de cumplicidades diárias. (Vivo isso, tento.) Mas será que assumimos que o outro nos lembra coisas sobre nós que ainda não lidamos bem? Considerar a epistemologia do sul que defende Boaventura faz evidenciar que precisamos de outros sensos comuns sobre o chamado multiculturalismo. (Prefiro o interculturalismo) Mas até que ponto estamos disponíveis para ver o invisível existente ou mesmo o visivel inexistente? (...) Nesse movimento, estou tentando ler autores latino-americanos e tbm a olhar mais criticamente para uma bibliografia européia que parece mesmo não dar conta de um contexto tão complexo que é o ocidente do ocidente. Nesse movimento também busco olhar para o outro com estranhamento curioso, algo como olhar para as pessoas e coisas como pela primeira vez, não sei se resolve, mas, por vezes, sinto a sutileza que nos faz criar conexões. O ruim é que passa batido quando negamos a natureza humana em suas contradições e, contraditoriamente, é ai que encontramos as belezas...

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