...... EntreTantas Conversas, com algumas me identifico.....

on segunda-feira, 27 de junho de 2011


    OU     
                   ?








OU  ?


O que hoje me interessa ver, ler, ouvir e dançar?
Como seleciono os filmes e as peças que vou assistir?
 O que me faz se aproximar de certos autores, artistas?

Essas são questões que venho me fazendo desde o momento que li a proposta da Gladis no blog- Um exercício de olharexperimentar a obra - A bossa nova em forma de dança.
 
 As indagações colocadas pela Gladis me levaram a refletir como ando selecionando os filmes, os livros, os espetáculos e os lugares que ando experimentando. Foi um convite a reolhar o que há em comum nas coisas que me atraem, que me emocionam, que me fazem querem ler, estudar, ver, dançar e experimentar cada dia mais.
E assim, dessas conversas.....
Noto que a primeira coisa que me atrai nas obras é o modo como os pesquisadores-criadores( chamo assim todos aqueles que investigam e estudam o  modo de comunicar uma pesquisa, uma experiência) me levam a se aproximar e a vivenciar as informações, as ideias, colocadas em suas obras. Me chama atenção e me emociona a pesquisa refinada e inteligente de certos autores na composição de uma dramaturgia. Um estudo que se mostra nos detalhes que vão compondo a obra e, que assim, potencializam um assunto, uma sensação, convidando outras pessoas a se sentirem presente na obra. São essas experiências recheadas de sensações que nos cutucam, nos mechem e nos convidam a viajar, repensar e recriar os momentos em que vivemos e que ainda queremos viver. São momentos em que somos levados a “abandonar” o pensamento das nossas obrigações e dos deveres diários para entrar em estado de suspensão enquanto apreciamos um riso, um choro, um suspiro, uma paixão ou uma lembrança inusitada. E assim, quando posso viver esses encontros, quero apenas andar pelas ruas, sem destino, ao som de Benditas (Mart`nália) e não deixar que aquela sensação que me pegou de surpresa se vá de repente, do mesmo jeito que chegou. Quero poder degustar até a última gota o momento em que me fez sair da anestesia do dia-dia.
Dessa forma....
  Hoje peço que me convidem a vivenciar obras em que posso notar artistas- criadores- intérpretes que experimentam o que falam, o que dançam, o que cantam, o que escrevem. São artistas que, ao meu ver, não abandonam na cena, na obra, suas experiências e não se restringem na representação, na “cópia”, de um personagem, mas que, ao contrário , trazem suas experiências para serem compartilhadas, preocupando-se em construir e deixar vivo, no corpo, nas palavras o que querem comunicar . É um corpo dilatado, preenchido, que em cada ação nos convence e nos deixa ansiosos para continuar numa viagem de encontros, descobertas,suspiros e surpresas!
Por fim, deixo aqui uma questão:
Se fosse para fazer uma lista de 5 obras assistidas, lidas, que mais te tocaram, quais você colocaria? Há algo em comum entre elas?

Abraços Gelados..
Ludmila Veloso


       

3 comentários:

Tati Barcellos disse...

"trazem suas experiências para serem compartilhadas, preocupando-se em construir e deixar vivo, no corpo, nas palavras o que querem comunicar . É um corpo dilatado, preenchido, que em cada ação nos convence e nos deixa ansiosos para continuar numa viagem de encontros, descobertas,suspiros e surpresas!"
Isso também é Flamenco Lud!! Lindo texto que me fez pensar nos 'aires', e nos 'duendes' flamencos que tenho experimentado no corpo, na dança... e como tudo isso é cada vez mais determinante nas escolhas do que assistir...
No Flamenco, eu destacaria os trabalhos de Israel Galván e Karen Lugo que trabalham com pesquisa no Flamenco. Se quiserem dar uma olhada:
http://www.flamencotv.es/en/current-issues/gigs/item/877-israel-galv%C3%A1n-abre-solo-el-mes-de-danza.html

https://www.youtube.com/watch?v=5fsv0xHM-c0&feature=player_embedded#at=52

jessica disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jessica disse...

Oi Lud, Glá, Entretantas e Entretantos,

bem interessante as reflexões que propõem neste e no post anterior. Suas colocações ecoaram por aqui. "O que me interessa em arte? O que me captura numa obra, o que me afasta para bem longe?"

Lembrei do livro "Esculpir o Tempo", do cineasta russo Tarkovski. Ele fala do "tempo" como sendo a "matéria-prima" do cinema. Mas sua definição do tempo me parece aplicável para outras artes:

"De como modo o tempo se torna perceptível em uma tomada? Ele se torna perceptível quando sentimos algo de significativo e verdadeiro, que vai além dos acontecimentos mostrados na tela; quando percebemos, com toda clareza, que aquilo que vemos no quadro não se esgota em sua configuração visual, mas é um indício de alguma coisa que se estende para além do quadro, para o infinito: um indício de vida."

Baseada nesta definição digo que por ora o que me atrai e me transforma em um encontro artístico é quando a linguagem artística é um meio para e não um fim em si mesma.

Sendo mais objetiva:

Fui em duas peças da Cena Mineira, que estavam em cartaz nesta semana. Nas duas via mais o esforço de fazer uma peça do que o de falar algo. O foco, me parecia, estava em adaptar um texto literário para o teatro, ou em criar histórias a partir do processo colaborativo... mas porque? O que se queria com essas histórias? Porque representá-las? Que sentido elas tinham para o grupo? Se havia, não vi, não me foi comunicado. Uma sensação de fala vã. Achar jeitos elaborados de não dizer nada, ou dizer o banal.

Daí lembro do contrário, jeitos simples de falar do infinito. Lembro de um curta que vi, certa vez, num festival universitário. Imagens de VHS, planos médios de pessoas em uma festa de igreja. Todos sentados nas mesas. A luz forte da câmera cegava-os e os fazia sorrir desconcertados. O diretor do filme achou esta gravação nos arquivos de sua cidade, selecionou trechos e pronto. Um registro simples, uma edição simples e aquilo comoveu. Acho que por isso, a imagem apontava para além dela.

beijos!
Je

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