on domingo, 3 de abril de 2011
Quando vamos dançar de verdade?


Há mais ou menos uma semana, algumas questões me inquietam e me fazem repensar meu posicionamento em dança. O embaraço nas ideias, os pensamentos e questionamentos, tiveram início quando fui questionada/provocada: “Professora quando vamos dançar de verdade?”

Os primeiros pensamentos após a pergunta procuravam respostas, mas o que encontrei foram outras questões, que até então reviram minha rotina. Por que as crianças não acham que o que fazem na aula é dança? Qual o entendimento delas sobre dança? E o meu entendimento sobre dança, está presente na aula? O que difere a dança conhecida pelos alunos da dança que fazemos na aula? Qual a primeira coisa (palavra, imagem, música...) que vem em sua cabeça, quando ouve a palavra dança?
“Entretantas” reflexões, encontro uma relação entre a razão do questionamento/estranhamento levantado pelas crianças e o que cada um conhece ou está acostumado a ver em dança. Essa relação me leva a pensar em coisas como: promoção, abrangência e definição da dança. Pergunto: Qual a relevância de uma definição clara para a dança, ou para tipos de dança? Como e o que a define? Qual o limite entre definição e exclusão/restrição?
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Na aula de dança, as suposições e questões vem alargar o espaço para reflexão, discussão e com isso, para o aprendizado de ambas as partes. Emergem as diferenças, as possíveis definições, mais e mais perguntas... Agora, permaneço à procura de estratégias que possam fazer com que os alunos percebam se a dança pode ser o que eles fazem na aula, se eles podem construir uma dança ou (re)criar o modo como cada um dança. Procuro tornar as nossas incertezas cotidiano, pois acredito que na medida que a dança, de algum modo, toca, faz emergir perguntas, puxa um tapete, desdobra-se em reflexões, descobertas, ações, trocas ou vontades, algum conhecimento está sendo produzido.

Abraços!
Raquel Bombieri

Fotografia: Guilherme Melnik

4 comentários:

Anônimo disse...

para entender a resposta só com o tempo.

entretantas produz disse...

Sim o tempo e com MUITO trabalho focado nessas questões. A ampliação da ideia da dança como o existir de muitas danças, muitos modos do corpo operar, pode vir a se dar com tempo, mas é preciso um esforço intencional de contaminação de informações também. Existe um tipo de dança que é padrão e que está no imaginário de crianças, por quê será? Porque esta dança, não melhor ou pior que outras, é a que existe em massa. Tá na mídia, tem história a mais tempo, construiu métodos de replicação. Tá em quantidade de existência também. Tá no imaginário e de alguma forma no corpo também de quem a vê, pois ela está à mostra e não é por acaso. Não desanimemos Raquel: é preciso trabalho de geração dessas outras ideias corpo/dança, de conectar, de existir, de criar metodologias. Isso leva tempo! No entanto, é preciso darmos continuidade aos processos e fomentar sua difusão. Alunas que não acreditavam, numa primeira vez, que a dança na escola era um possível tipo de dança, hoje já estão aí, depois de anos de experimentação, ocupando vagas no Curso de dança da FAP, experimentando outros espaços como o Vila arte, circulando em espetáculos, performances etc...só alguns exemplos.
beijo!

Gladis

rascunho partenon disse...

O nome do espetaculo da foto eh:
MSN : autoMatico Seguro e iNodoro
Direçao Caroline Pelegrinni
Os bailarinos da fotosao EU Julianne Agge e Caio Fabio
Espetaculo pela UTFPR

Raquel disse...

Concordo Gladis. Não pode haver desanimo, mas sim vontade e muitas ideias para trabalhar, para dar continuidade à esses processos que você coloca.
É preciso proporcionar oportunidades para que a dança seja experimentada de outras modos, como diferentes possibilidades.

Julianne, obrigada pelo complemento!

beijos

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